Evento em Belém reúne mais de 6 mil participantes, une tecnologia, tradição e propostas para a COP30
Entre os dias 23 e 25 de abril, o Hangar – Centro de Convenções da Amazônia transformou-se no epicentro de debates sobre desenvolvimento sustentável, inovação e bioeconomia durante a segunda edição do IFC Amazônia. Com o tema “Produção de pescado para uma Amazônia sustentável”, o evento consolidou-se como plataforma estratégica para integrar cadeias produtivas da pesca e aquicultura na região, reunindo 6.744 inscritos, 85 expositores e representantes de governos, setor privado, academia e comunidades tradicionais de quatro países.
Uma agenda para o planeta
Em meio à expectativa pela COP30, que Belém sediará em 2025, o IFC Amazônia destacou o potencial da pesca e aquicultura como alternativas de baixo carbono. Dados apresentados revelaram que a produção de pescado na Amazônia emite dez vezes menos gases de efeito estufa que a pecuária. “A Amazônia não é só carbono: é água, biodiversidade e gente. Essas atividades podem alimentar milhões sem derrubar uma árvore”, afirmou Altemir Gregolin, um dos articuladores do evento.
A solenidade de abertura, com presença do ministro da Pesca, André de Paula, e autoridades internacionais, reforçou o compromisso político com a agenda. Ao longo de três dias, 43 painéis e workshops discutiram desde bioeconomia até tecnologias para rastreabilidade, com destaque para o Espaço Inova Aqua, que apresentou soluções de startups como a Bactolac (nutrição animal sustentável) e a Ecoxtech (gestão de resíduos).
Da ciência à alta costura: a diversidade amazônica em foco
A Feira de Negócios e Tecnologia ocupou 4 mil m² com expositores de máquinas, equipamentos e sistemas de produção, enquanto o Corredor do Sabor celebrou a gastronomia local com produtos como o gin de jambu da AMZ Tropical e chocolates premiados da Gaudens. Na Cozinha Show, chefs como Angela Sicilia e Diego Alvino reinventaram pratos com pirarucu e açaí, enquanto a Cerimônia Kaitai desmontou simbolicamente o gigante dos rios, valorizando cortes premium.
Já o IFC Bio Fashion elevou Belém ao circuito da moda sustentável, com desfiles de peças feitas de couro de peixe e biojóias. Marcas como Madame Floresta e Amazônia Kãma exibiram criações que unem tradição e inovação, acompanhadas de oficinas sobre valorização de resíduos.
Mulheres, ciência e a Carta de Belém
O 5º Encontro Mulheres das Águas trouxe histórias como a de Suzy Rocha, piscicultora do interior do Pará, e Amanda Hoch, referência em aproveitamento de couro de peixe. “Precisamos de mais acesso a crédito e capacitação”, defendeu Cristina Malcher, da Comissão das Mulheres do Agro.
O legado do evento materializou-se na Carta de Belém, documento assinado por mais de 30 entidades com propostas para a COP30. Entre as medidas, destacam-se:
- Inclusão da aquicultura no Fundo Clima para financiamento de baixo carbono;
- Criação da marca “Pescado da Amazônia” com certificação socioambiental;
- Titulação de áreas de pesca tradicional para comunidades;
- Políticas de equidade de gênero na cadeia produtiva.
Impacto e próximos passos
Com 72 mil visualizações online e 591 trabalhos científicos apresentados, o IFC Amazônia reforçou o papel da ciência e da cooperação internacional. Para os organizadores, o evento não só movimentou a economia local – gerando R$ 2,5 milhões em negócios – mas pavimentou caminhos para transformar a região em um modelo de bioeconomia.
Enquanto Belém se prepara para receber líderes globais na COP30, a mensagem do IFC Amazônia ecoa: a preservação da floresta passa, necessariamente, pelo reconhecimento de suas águas e daqueles que delas dependem.
Confira os números finais do evento:
- 6.744 inscritos | 85 expositores | 43 painéis
- 591 trabalhos científicos | 19 marcas no Bio Fashion
- 72.315 visualizações online | 10 chefs na Cozinha Show
Realização, patrocínio e apoio
A 2ª edição do IFC Amazônia é realizada simultaneamente com o CONBEP (Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca). A Fundep (Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação) é co-realizadora do evento.
O IFC Amazônia conta com o patrocínio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Governo do Estado do Pará; SEDAP (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca); Banco da Amazônia, Banpará (Banco do Estado do Pará), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Caixa Econômica Federal, MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura) e Governo Federal.
O evento é realizado ainda com o apoio institucional da ABIPESCA (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados); PEIXE BR (Associação Brasileira da Piscicultura); Sistema FAEPA/Senar; FEPA (Federação dos Pescadores do Pará) e SINPESCA (Sindicato das Indústrias de Pesca dos Estados do Pará e Amapá).
